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Dona Enrica, modelo do Monumento ao Imigrante, tem nome de estrada aprovada em Caxias do Sul

Iniciativa do vereador Rafael Bueno, do PDT, faz homenagem à mulher inspiradora da estátua que completou 70 anos em fevereiro de 2024


Para homenagear a mulher imigrante, o vereador Rafael Bueno/PDT propôs a denominação da Estrada Municipal, em Fazenda Souza, com o nome de Enrica Perini Zanotti. A ideia surgiu após conversar com a historiadora Rosana Peccini, autora de um artigo sobre o Monumento ao Imigrante. A aprovação ocorreu na sessão ordinária desta quinta-feira (27/06). Ela revelou que os rostos da escultura foram inspirados nas feições do casal de imigrantes Luigi Zanotti e Enrica, ambos octogenários em 1954. O senhor Luigi já foi homenageado em 1975, tendo o nome atribuído a uma rua do Bairro Planalto. Familiares de dona Enrica e a historiadora Rosana acompanharam a votação e se emocionaram.

"Tendo em vista que a homenagem não se estendeu à mulher, à esposa, à mãe, à trabalhadora Enrica Perini Zanotti, e entendendo-se que poderia ter sido homenageado o casal Zanotti, solicitamos o devido reparo histórico", explicou Bueno no documento, também mostrando fotografias da mulher e do monumento, inaugurado há 70 anos.

Enrica Perini, conhecida carinhosamente pelo apelido de “Rica”, é filha de Guerino Perini e de Maria Perini. Nasceu no Tirol, região entre a Áustria e a Itália. Chegou ao Brasil com oito anos, em 18 de outubro de 1876, acompanhada dos pais e dois irmãos. Casou-se com Luigi Zanotti e passou a se chamar Enrica Perini Zanotti. Nelson Zanotti, neto do casal, viveu com os avós, esteve na votação e fez relatos sobre a avó Enrica à historiadora Rosana Peccini:

"Dona Enrica rezava muito, não passava uma noite sem rezar o terço. Ela fazia o trabalho doméstico, ia também à roça, mas não seguidamente porque tinha os filhos para cuidar. O casal teve 10 crianças. Quando crescidos, os filhos foram trabalhar na roça, e assim dona Enrica pode ficar mais em casa", disse ele.

Enrica era cozinheira da casa, fazia comida boa, utilizando carnes de porco, de galinha e de bicho de mato, que havia bastante. Como era costume, fazia macarrão, tortéi, massas variadas e pão. Na alimentação da família não podia faltar polenta, queijo, salame, figada e uvada, tudo feito em casa. Também cuidava da horta, era especialista. Ela tinha uma vaca de leite e fazia os queijos para o sustento da família. Fora o consumo doméstico, eles ainda vendiam até 10 (dez) litros de leite por dia.

Nos domingos, a família costumava ir à missa na Catedral e, depois, quando foi construída a Igreja de Lourdes, começaram a frequentar a igreja de Lourdes. Deslocavam-se todos sempre a cavalo. Depois da missa, muitas vezes, se encontravam com as irmãs da avó. Os homens jogavam mora e cantavam, e as mulheres não só jogavam como também faziam tricô, e trançavam a palha para fazer chapéus.

A casa onde Dona Enrica morou foi construída em 1961 pelo marido, seu Luigi. Hoje, a casa pertence ao neto, Nelson. Ele conta que a cozinha era toda de pedra, e a parte de cima tinha uma sala grande e 4 (quatro) quartos, mais um andar com mais 4 (quatro) quartos, porém, a parte superior teve de ser desmanchada. Com a mesma madeira, a parte de cima da casa foi reconstruída. A parte de baixo da casa é uma taipa onde foi feita uma garagem.

Enrica faleceu em 10 de janeiro de 1966, aos 91 anos. 

Monumento ao Imigrante - Obra de grande riqueza histórica e cultural, o Monumento Nacional ao Imigrante representa a intensidade do deslocamento humano daqueles que almejam materializar a esperança e o sonho de uma vida melhor. Inaugurado em 28 de fevereiro de 1954, pelo então Presidente da República Getúlio Vargas, a construção, que levou cinco anos para ser finalizada. O obelisco mede 20,96 metros de altura, em granito, e a estátua de bronze tem cinco metros de altura e pesa cerca de três toneladas.

Escolhido o local de sua edificação, coube a Silvio Toigo e José Zambon executarem os trabalhos em alvenaria, pedra e granito. Distante dali, no Rio de Janeiro, Antonio Caringi, vencedor do concurso que escolheria o projeto a ser desenvolvido, dava início ao grande molde que seria forjado em bronze, na Metalúrgica Abramo Eberle S.A., em Caxias do Sul. Ele se valeu de registros fotográficos dos imigrantes italianos Luigi e Enrica Zanotti para desenvolver sua obra.

O Monumento contaria, também, com um grande obelisco onde três relevos destacariam como se deu a chegada, o trabalho e a integração na nova terra. Pouco acima, o ano 1875 destacaria a chegada dos primeiros imigrantes europeus na localidade. Sob o grupo escultórico, a ornada porta de bronze dá acesso à cripta que abriga um espaço museológico destinado à pluralidade étnica e valorização da mulher. Um monumento que homenageia tanto a vida quanto a pluralidade das pessoas que construíram o Brasil, contada de forma fascinante por meio de objetos, painéis e do próprio monumento, que traz gravada em si a frase “A NAÇÃO BRASILEIRA AO IMIGRANTE”.

27/06/2024 - 10:56
Gabinete do vereador Rafael Bueno/PDT
Câmara Municipal de Caxias do Sul

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