O respeito às mulheres negras foi o tom principal dos pronunciamentos, na abertura da exposição Raízes, realizada no início da noite desta segunda-feira (1º/07). O ato aconteceu no Espaço Cultural Mário Crosa, junto à Escultura dos Direitos Humanos, de Bruno Segalla, no subsolo da Câmara Municipal de Caxias do Sul. A mostra segue aberta à visitação pública até o próximo dia 15 de julho, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A iniciativa demarca a celebração do chamado Julho das Pretas. Na data de 25 de julho de cada ano, é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

A vereadora Estela Balardin/PT é a autora da oficialização do Julho das Pretas em solo caxiense, a partir da lei municipal 8.834/2022. A parlamentar atentou que a medida dialoga com o cumprimento do Estatuto da Igualdade Racial. Enfatizou a necessidade de campanhas, para conscientizarem a população sobre a superação das desigualdades de gênero e raça, colocando em evidência o protagonismo das mulheres negras.

Nas 12 telas expostas, estão sete mulheres negras caxienses na faixa etária dos 57 aos 97 anos. Fotógrafa do projeto, Tatiele Sperry Monteiro contou que, desde novembro de 2021, a mostra Raízes tem passado por diversos locais. Ressaltou que a proposta funciona como um reconhecimento histórico, para que a memória retratada se perpetue. “O que somos se deve ao legado dos nossos ancestrais, traduzido no que essas mulheres nos inspiram”, observou.

Estilista do ateliê de moda afro NêgaNagô e figurinista das sete modelos, Jaque Silva classificou o ensaio como espiritual. “As imagens configuram as raízes que dão sustentação à luta da mulher preta. Pelo Ubuntu, a filosofia de vida africana, a identidade se fortalece pelo que se é. Essa conquista se materializa na presença, junto aos espaços de poder”, explicou.

Uma das modelos, Jane Denise Alves fez uma reflexão de quase seis décadas de vida, que completará ano que vem. Admitiu que o ensaio fotográfico, um sonho que chegou a considerar impossível, consiste em uma forma de fazer frente ao racismo. “Infelizmente, o preconceito se repete ao longo das gerações”, disse.

Também se fizeram presentes ao evento de hoje o vereador Lucas Diel/PRD e Alessandra Pereira, que é coordenadora do Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil.