Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

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Moção repudia assédio sexual vivido por atletas do futebol feminino

O episódio ocorreu em jogo realizado no último dia 22 de março, em Bento Gonçalves/RS, entre América/MG e Juventude/RS

Os vereadores caxienses, em consenso, acolheram uma moção de repúdio ao assédio sofrido por atletas do futebol feminino no jogo entre América/MG e Juventude/RS, no dia 22 de março, em Bento Gonçalves. Protocolada pela vereadora Andressa Marques/PCdoB e subscrita por outros nove parlamentares, a matéria foi aprovada na plenária desta quinta-feira (03/04). Assinam junto o texto os seguintes legisladores: Andressa Malmann/PDT, Capitão Ramon/PL, Claudio Libardi/PCdoB, Daiane Mello/PL, Daniel Santos/Republicanos, Estela Balardin/PT, Marisol Santos/PSDB, Rose Frigeri/PT e Sandra Bonetto/NOVO.

Os autores informam que, no dia seguinte à partida, o time América Futebol Clube divulgou uma nota de repúdio após episódio de assédio na estreia do Campeonato Brasileiro Feminino, na Serra Gaúcha. Quatro jogadoras do time América/MG denunciaram o assistente de arbitragem, sendo que ocorrido se deu por palavras e piadas de cunho sexual direcionadas às atletas antes do início da partida. O conteúdo do assédio foi proferido pelo rádio comunicador da arbitragem, e outras pessoas ouviram.

Durante a apreciação da moção 7/2025, vereadores se posicionaram criticando atitudes de desrespeito em relação ao público feminino. “É ruim que nosso futebol passe esse tipo de marca quando temos um campeonato brasileiro que traz visibilidade ao futebol feminino. Deveria ser espaço protegido para as gurias estarem no esporte, participando de competições e, infelizmente, não é”, lamentou Andressa. A parlamentar, ao mesmo tempo, cumprimentou a direção do Juventude, que se opôs à atitude do assistente de arbitragem. O vereador Capitão Ramon/PL também saudou o posicionamento do comando e do time local. O presidente Lucas Caregnato/PT disse ser parceiro na luta pelo fim do assédio: “Temos de pensar no respeito em todos os espaços”. Na mesma linha do respeito se manifestou a vereadora Sandra Bonetto/NOVO.

As vereadoras Daiane Mello/PL, Marisol Santos/PSDB, Estela Balardin/PT e Rose Frigeri/PT ressaltaram a necessidade de a sociedade se opor a quaisquer preconceitos em relação às mulheres. Daiane considerou que não se pode normalizar comportamentos desrespeitosos. Marisol pediu consideração às mulheres por sua competência. Rose Frigeri observou que é recente a possibilidade de as mulheres competirem em todas as modalidades olímpicas. E Estela lastimou ainda existir muito racismo e machismo no futebol. O pedetista Rafael Bueno se colocou contra a segregação e disse que as questões de diferença e as de igualdade de direitos e de espaços deveriam ser observadas.

Claudio Libardi/PCdoB sugere mais equidade e questionou os investimentos altíssimos para os times masculinos e baixos para os femininos. Parlamentar Daniel Santos/Republicanos disse ser inadmissível que assédio aconteça. Os liberais Hiago Morandi/PL e Sandro Fantinel/PL constatam que o futebol acabou se tornando um negócio.

No texto da moção, os vereadores também mencionaram no documento um levantamento inédito feito pela repórter Camila Alves, do Globo Esporte, envolvendo entrevistas com 209 atletas de diferentes divisões do Campeonato Brasileiro Feminino, para abordar o tema de assédio moral e sexual. Entre as várias constatações feitas, destacam-se:

- 37,3% das atletas relatam terem visto acontecer alguma forma de assédio com outra jogadora através de “elogios” de conotação sexual, mensagens indevidas, gestos pornográficos ou mesmo tentativas de contato físico do agressor com a atleta;

- 47,8% das atletas disseram sofrer assédio moral, seja por ofensas, de conotação sexual, mensagens indevidas, gestos pornográficos ou mesmo tentativas de contato físico do agressor com a atleta;

- Apenas 14,7% das entrevistadas relataram terem denunciado os casos, enquanto 85,3% delas dizem que não denunciaram o que viveram ou viram; e

- 76,1% das entrevistadas contam que tiveram a sua orientação sexual questionada pelo simples fato de jogarem futebol.

Essa pesquisa acrescenta que os locais onde as atletas sofreram ou presenciaram os casos de assédios vão desde treino, rede social, concentração, viagem, estádio, alojamento, hotel, ônibus à confraternização.

“Em consonância com os princípios que regem o respeito à dignidade humana e a promoção de um ambiente seguro e saudável para todos os envolvidos no esporte, viemos, por meio desta moção de repúdio, expressar nossa total desaprovação e indignação contra os atos de assédio sexual praticados pelo árbitro na partida mencionada anteriormente, conforme os fatos recentemente divulgados. O assédio sexual, além de ser um crime, fere os direitos fundamentais das vítimas, comprometendo a integridade física, emocional e psicológica das mesmas”, afirmam.

Além disso, lembram que o esporte, em todas as suas modalidades, deve ser um espaço de inclusão, respeito e igualdade, onde todos têm o direito de praticá-lo sem medo de sofrer qualquer tipo de violência, seja ela física, moral ou sexual. Por isso, os vereadores solicitam que medidas severas sejam adotadas pelas autoridades competentes, no sentido de responsabilizar o árbitro e prevenir que situações semelhantes se repitam no futuro.

Diante da aprovação da moção, cópias serão remetidas às presidências da Federação Gaúcha de Futebol e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

DELIBERAÇÃO SOBRE MOÇÃO nº 7/2025

Vereador – Partido - Voto

ALDONEI MACHADO PSDB Sim

ALEXANDRE BORTOLUZ PP Sim

ANDRESSA CAMPANHER MARQUES PCdoB Sim

ANDRESSA MALLMANN PDT Sim

CALEBE GARBIN PP Sim

CLAUDIO LIBARDI JUNIOR PCdoB Sim

DAIANE MELLO PL Sim

DANIEL SANTOS REPUB Sim

EDIO ELÓI FRIZZO PSB Sim